Lei Homenageia Morgado de Mateus


O autor intelectual da fundação de Campinas, governador da Capitania de Dom Luís Antônio de Souza Botelho e Mourão, destacou-se pela sua atuação múltipla em favor da restauração da terra, não só como militar, mas também incentivando a agricultura paulista, com o apoio aos que se dedicavam à cultura da cana e à fabricação do açúcar em seus engenhos.

Com relação a Campinas, Dom Luís Antônio de Souza Botelho e Mourão teve decisisva presença em sua urbanificação e conseqüente urbanização, assinando atos que estabeleciam normas para o arruamento do pretendido núcleo urbano, a ser implantado nas "Campinas do Mato Grosso", como então era conhecida a área no meio da densa mata, cortada pelo Caminho dos Goiáses, da rota dos bandeirantes. Situadas entre Jundiaí e Moji-Mirim, povoações já existentes, as três clareiras com vegetação gramínea que serviam de pouso para os itinerantes, já abrigavam, desde 1739, o caçapavense Francisco Barreto Leme (considerado pelos antigos historiadores como taubateano, por Caçapava ser então distrito de Taubaté) e outros conterrâneos seus.

Foi numa dessas campinas, onde hoje se erige o monumento a Carlos Gomes, que Barreto Leme, cumprido ordens do Morgado de Mateus, título que a família Botelho e Mourão ostentava, pelos méritos de antepassados seus, implantou a povoação programada pelo Morgado de Mateus. Com aquele título, o homem escolhido pelo Marquês de Pombal para restaurar e governar a Capitania de São Paulo, passou a história, graças aos seus méritos como político, administrador e urbanizador, demonstrados nos seus dez anos de governos em terras paulistas.

Reconhecendo os méritos de tão significativa personalidade da história paulista, a cidade de São Paulo, homenageia-o como nome da rua Morgado de Mateus. Em 1953, a Câmara Municipal de Campinas, por iniciativa do vereador Ataliba de Camargo, resolveu homenageá-lo também, dado-lhe, pela Lei no 918, de maio daquele ano, o nome de D. Luís Antônio de Souza.

Localizada no Jardim Proença, essa rua, entretanto, deveria ter, como na Capital, o nome com o qual é conhecido Dom Luís Antônio de Souza Botelho e Mourão. Para corrigir o equívoco, o vereador Carlos Francisco Signorelli resolveu, em vista de haver dificuldades para mudanças de nomes de vias públicas, apresentar o projeto a fim de que o nome do Capitão General de Capitania de São Paulo fosse adicionado o título. Em 10 do corrente, o prefeito Francisco Amaral sancionou a Lei no 969, aprovada pela Câmara Municipal de Campinas, alterando a denominação da Rua D. Luís Antônio de Souza, à qual se acrescentou o título de Morgado de Mateus.

Com a feitura de novas placas, outro erro gravíssimo deverá ser corrigido. Em algumas delas, falta o "D" de "Dom". Assim, com tal correção e com o acréscimo do título, como determina a nova lei, a via pública do Jardim Proença passará a lembrar o ilustre homem, que, além de ter participado ativamente na fundação de Campinas, foi um grande incentivador do povoamento da região e incentivador da economia, o que ofereceu aos "engenheiros" (proprietários do engenho) aqui residentes, oportunidades de exportarem o açúcar produzido em nossos engenhos.

É muito oportuno lembrarmo-nos de que, no final deste ano, ocorrerá o bicentenário da morte de Morgado de Mateus, cuja ação no Brasil está merecendo estudos de pesquisadores, que, por certo, vão revelar novos aspectos do restaurador da Capitania de São Paulo e autor intelectual da fundação de Campinas.

Correio Popular
Campinas, 26 de junho de 1998
Opinião - Coluna Memória
Benedito Barbosa Pupo - jornalista e pesquisador do Centro de Memória da Unicamp


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